O Centro de Assistência Social Lucinda Anino dos Santos foi fundado em 20 de Fevereiro de 1931 com o nome de Patronato Nossa Senhora do Carmo, dependendo do Bispado de Faro.

• Em 1944 foram aprovados os primeiros Estatutos.
• Em 10 de Maio de 1954 foram os estatutos alterados e passou a denominar-se Centro de Assistência Social Nossa Senhora do Carmo.
• Com a publicação do D.L. 119/83, foram os Estatutos alterados e passou a denominar-se Centro de Assistência Social Lucinda Anino dos Santos.
• A valência inicial foi o Lar de Jovens hoje Lar de Infância e Juventude (LIJ). Seguiram-se depois já nas décadas de 1970 e 1980 o Jardim de Infância, hoje pré-escolar, creche, Centro de Atividades de Tempos Livres.
• Depois na era do ano 2000 surgiu as valências de Lar Residencial e Centro de Atividades Ocupacionais para pessoas portadoras de deficiência motora, bem como uma Unidade de Reabilitação Profissional.
• Outras valências também surgiram como o Centro Juvenil, Centros Comunitários do Chinicato e Meia Praia.

Dona Lucinda Anino dos Santos

Entre as pessoas que nasceram para servir os outros, temos de incluir Dona Lucinda Anino dos Santos, que se devotou à assistências de crianças desprotegidas, desde tempos anteriores à criação do Patronato Nossa Senhora do Carmo, em 1931, altura em que esteve ao lado de Dona Cesaltina Roque, para o surgimento da instituição. Segundo o depoimento do senhor José Borba, corroborado por outros, já a cofundadora do Patronato recebia crianças em dificuldades na sua própria casa, sendo, para tal, apoiada pela irmã, dona de um hotel em Lagos.

Dona Lucinda, filha de José dos Santos, natural do Algoz, e de Dona Miquelina da Assunção, natural de Portimão, nasceu em Lagos, a 21 de Fevereiro de 1891. É provável que a sua escolaridade não tenha passado do ensino primário, hoje Primeiro Ciclo do Ensino Básico. Esteve sempre muito ligada à Igreja Católica, tendo sido militante no Movimento da Acção Católica. Alguns membros desta instituição colaboraram com ela nas atividades de assistência social. Esta vinculação à religião, se não jurídica, pelo menos prática, ficou explícita no art.° 4 dos primeiros estatutos do Patronato de Nossa Senhora do Carmo, redigidos em 1944: “A Diretora e Professores serão, quanto possível, escolhidos entre os elementos das Associações Religiosas, confirmadas nos seus cargos pelo prelado diocesano”.

Em 1933, Dona Cesaltina Roque regressou a Lisboa, ficando Dona Lucinda como responsável do Patronato de Nossa Senhora do Carmo, criado dois anos antes. Não nos é difícil imaginar as suas preocupações e dificuldades em conseguir fundos para fazer face as despesas da instituição, onde se acolhiam crianças e adolescentes desprotegidos, em regime de semi-internato a princípio, depois de internato. A sua dedicação à causa deu-lhe força para ocupar, desde sempre, um lugar de responsabilidade na administração, mesmo depois de 1954, data em que a instituição passou a designar-se Centro de Assistência de Nossa Senhora do Carmo de Lagos. Foi-lhe confiado o cargo de tesoureiro, durante muitos anos.

A ação notável de Dona Lucinda, em benefício de raparigas com problemas familiares, foi oficialmente reconhecida, ao ser agraciada, em 4 de Dezembro de 1959, pelo Presidente da República, com o grau de Cavaleiro da Ordem de Benemerência, cuja insígnia se guarda no CASLAS. O Município de Lagos também não tem ignorado o muito que esta lacobrigense fez pelos desprotegidos. Na sessão da Câmara Municipal de Lagos de 18 de Fevereiro de 1987, foi atribuído o nome de Lucinda Anino dos Santos à rua com início no largo do Rossio de S. João e término na rua José Ferreira Canelas.

A memória da fundadora do CASLAS continua viva em quantos lá trabalham, e não é só pelo busto colocado à entrada. Na ata da reunião de 14 de Maio de 1982, os presentes foram convocados para comparecerem no Cartório Notarial de Lagos, para outorgarem a escritura dos Estatutos do Centro, que, segundo os mesmos, passará a designar-se Centro de Assistência Social Lucinda Anino dos Santos, que ainda se mantém. Foi um reconhecimento público pela sua completa dedicação à causa. Nem sempre se esquecem os que, abnegadamente, se entregam a minorar as dificuldades dos que mais precisam…